Capitulo 1 – A procura
de um lugar.
22/08/2011 (tempos atuais. Kevin e James Gaspar)
Kevin estava fumando seu cigarro
preferido, derby vermelho, pelas suas contas tinha mais quatro carteiras, isso
deveria durar um mês. Estava vigiando a rua, para ver se não tinha ninguém ou
algo vindo. Olhava cuidadosamente para não ser visto, ouvia alguns gemidos,
sabia que não estavam sozinhos. Seu irmão, James, estava dormindo. Kevin apaga
seu cigarro com medo de que aquelas coisas sintam o cheiro ou vejam o cigarro
queimando e chamem suas atenções, então apaga seu cigarro na sola do seu tênis
surrado. Já fazia três dias que estavam abrigados dentro de um carro no meio do
parque Redenção de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Ás vezes, os dois saiam
para fazer suas necessidades quando possível. A comida era extremamente contada,
só tinham quatro balas de iogurte, dois pacotes de bolacha e sete garrafas de
água. O cheiro de podridão era o pior, mas isso significava que deviam estar em
alerta, quanto maior o fedor maior o perigo.
James começa a abrir as pálpebras de
seus olhos que estavam decididas a continuar em seu sono profundo, e quando
elas estão bem abertas, ele cutuca seu irmão com o dedo indicador. Kevin segura
o grito, não podia chamar atenção, mas com o susto do irmão, isso não ajudaria
muito, ele fita o irmão com cara de brabo.
- Não faz mais isso, tu me assustou,
eu podia ter te matado. – Diz Kevin controlando a vontade de bater no irmão.
- Tem muitos deles lá fora?- Fala
James bocejando.
- Deve ter uns dez pelas minhas
contas, não está seguro, ainda mais de noite. – responde Kevin.
- Cara, estou quase me mijando. –
Fala James, que tremia a perna esquerda para controlar a vontade de suas
necessidades básicas.
- Vai ter que segurar até amanha. –
Responde Kevin, não querendo dar assunto para seu irmão.
- Está certo, pode dormir agora, eu
vigio. Caso qualquer coisa eu te chamo. –Diz James.
- Feito então, não via à hora de
dormir. – Diz Kevin encostando a cabeça no estofado e fechando os olhos.
James estava vigiando agora, sentia o
cheiro de cigarro. Sabia que seu irmão fumava, mas hoje em dia não se
preocupava mais com isso, já estavam na maior merda, não tinha mas com o que se
preocupar, uma hora iriam morrer mesmo. James costuma muito ficar imaginando
como era a vida daquelas pessoas que vagam na rua sem destino. Primeiro ele
olha para uma senhora morena, bem vestida, de salto alto, que cambaleava, e com
sua metade da cara totalmente deformada. James deduziu que ela estava indo a
alguma entrevista de emprego, ou trabalhava em algum lugar muito importante.
Perto desse zumbi, tem um adolescente com sua camisa que um dia foi branco,
calças rasgadas, cheio de tatuagens e piercing, “devia ter sido um amigo do meu
irmão” pensou James, que sempre relacionava pessoas assim com seu irmão. “Quem
diria que depois de dez anos teríamos que conviver juntos”, pensou novamente,
enquanto olhava para o seu irmão, que parecia calmo enquanto dormia em meio à
morte a sua volta.
30/09/2010 (James Gaspar e Maira Viera)
Se existe dois dias do ano em que
James Gaspar odeia são: Dia dos Pais e o dia 1º de outubro (seu aniversário).
Até porque esses dois dias são os únicos em que ele vê seu irmão, que é um
tanto desagradável. Odiava sair de sua cidade tão amada, para ir para Porto
Alegre, ou como gostava de chamar “Porto Nada Alegre”.
- Mãe, já que eu vou fazer 17 anos eu
poderia escolher passar o meu aniversario com os meus amigos. Não gosto de ir
para Porto Alegre. – Fala James, arrumando as malas.
- Querido, eu sei que tu não gosta,
mas esse é o único dia em que a mãe tem vocês dois juntos, eu sei que tu não se
da muito bem com o Kevin, mas tu poderia tentar por mim? – Fala Maira, a mãe
dos Gêmeos.
- Acho que é o meu aniversario, mas
tudo bem mãe. – James responde, cabisbaixo.
James e seu padrasto Roberto estão
botando as malas dentro do carro.
- Cuida da minha mulher, ok? – Fala
Roberto.
- Por que ta dizendo isso? –
Perguntou James, com curiosidade.
- Sabe, teu irmão, não gosto muito
dele. – Fala Roberto abrindo sue sorriso colgate.
- Tu não tem que gostar dele. –
Respondeu bravo.
James está dentro do carro de sua mãe
Maira, o dia está radiante, mas mesmo assim ele não está contente. A ultima vez
que viu o seu irmão, dois policiais o confundiram com ele e o prenderam, mas
por sorte sua mãe conseguiu tirar ele de lá, e cuidou de tudo. Sempre quando se
encontrava com seu irmão alguma coisa de ruim acontece, odiava o cheiro de
cigarro do irmão, as brigas, o modo imaturo de Kevin. Mas mesmo assim o amava
muito, mesmo longe sempre sabia quando o irmão estava em perigo ou triste.
Depois de quase duas horas no avião,
e mais uma hora no taxi, chegam ao hotel. Primeira coisa que James vê foi pai,
que estava com a mesma aparência: barbudo e com cara de roqueiro. Foi direto
abraçar ele, sentia saudade de seu pai, que mesmo sendo um perdedor na vida,
ainda assim amava muito, até porque não existe pessoa mais palhaça do que seu
pai. Ao lado dele está seu irmão, que deu um sorriso e depois um abraço.
- Como tu está, Kevin? – Disse James,
tentando ser simpático.
- Na boa. – Respondeu curto e grosso.
23/08/2011 (tempos atuais. Kevin e James Gaspar)
- James, acorda cara. – Sacode Kevin.
- O que foi? Ta tudo bem? – pergunta
James, assustado.
- Ta tudo bem, já é de manha, e não
tem nenhum zumbi por perto, a gente pode sair, caso qualquer coisa eu te cubro,
preciso mijar também. – Fala Kevin.
- Vamos então, só da mais uma
conferida se não tem nenhum por ai. – Responde ele, com medo.
- Não tem, eu já olhei. – fala Kevin
com pressa.
Os dois saem do carro. Kevin sai
primeiro segurando um machado e James sai logo atrás. Eles andam até um local
do parque onde é dominado por árvores, e ficam atentos para ver se não vem
nenhum zumbi. Tudo aparentemente parece calmo. Passaram por alguns carros
largados, e alguns pedaços de corpos que tem por toda a parte.
As ruas de Porto Alegre costumavam
ser movimentadas, não como as de São Paulo, mas eram. Por mais que fosse uma
cidade um pouco parada, ela tinha seu charme, tinha... Pois depois de tudo o
que aconteceu, para onde você olhasse, você consegue ver tragédias, sangue e
destruição. Era até ironia chamar de “Alegre”, que para onde olhasse só via
tristeza e historias com finais infelizes.
James vai primeiro, e Kevin fica de guarda.
- Vamos rápido cara, não estou afim
de me barra por alguma daquelas coisas. – Fala Kevin atento.
James abaixa as calças, e começa a
ficar mais aliviado, mas sentia o medo mesmo assim, por isso tentou fazer o
mais rápido possível.
- Terminei, me passa o machado. –
Fala James.
- Toma, e vê se não se machuca com
isso. – Kevin entrega o machado nas mãos de James que quase deixa cair.
Quando Kevin esta atrás de uma árvore
fazendo suas necessidades, James fica de guarda, e começa a tremer, com medo de
que apareça algum zumbi. Kevin estava demorando e James começa a ficar nervoso.
- Vamos logo Kevin. – Fala James
nervoso.
- Espera ai tchê. - Reponde o irmão.
James começa a sentir um cheiro
desagradável, mas não é o cheiro das fezes de seu irmão, e sim de carne podre,
ele fica na duvida se são zumbis ou se é o fedor das partes de corpo espalhadas
pelo parque. Para piorar a situação ele começa a escutar um gemido, e sabe o
que faz isso. Começa a procurar o dono desta musica mortal. Mas no meio das
árvores fica meio complicado de se ver, pode ser de qualquer lado. E quando
olha para trás, uma mulher sem um braço vem em sua direção, correndo e
gritando, James se assusta e cai no chão.
Seu instinto fala por si, levantando-se
para dar um golpe na cabeça dela, mas estava com tanto medo, que ela o alcança,
e ele deixa o machado cair. A primeira coisa que passa em sua cabeça é segurar
cabeça dela para ele não ser mordido, o que torna engraçado olhar de longe para
uma cena dessas.
-Socorro, Kevin!. – Grita James.
Na mesma hora Kevin aparece dando um
chute na cabeça do zumbi, pegando o machado. Quando a zumbi se levanta e tenta
atacá-lo, Kevin da uma machadada no meio de sua cabeça. Agora aquela morta
virou uma morta de verdade.
- Vamos sair daqui rápido, tu gritou
deve ter mais por perto. – Diz Kevin.
- Fica calmo, eu não teria gritado se
não soubesse o que estava fazendo, estamos no meio de um monte árvore, elas
abafam o som, só temos que tomar cuidado. – Responde James,
- E se não tivesse árvores? –
pergunta ele.
- Nem eu sei. – Responde James
tentando não encarar Kevin.
Os dois estão de volta no carro, e percebem
que o movimento aumentou, deve ter uns trinta zumbis no parque perto deles. Os
dois estão tapados da cabeça aos pés com um cobertor preto para disfarçar. O
grito de James deve ter chamado a atenção de alguns zumbis, os dois irmãos
esperavam atentamente que os zumbis fossem embora rápido. Um zumbi passa bem
perto do carro e fica olhando para dentro, ele bate com uma mão no vidro e
arrasta as unhas fazendo um barulho agonizante. Os dois irmãos ficam preparados
para atacar, mas o zumbi se afasta. Mais tarde os zumbis estavam mais longe e
não tinham tantos por perto, e James fala baixinho:
- Obrigado por ter me salvado.
- De nada, mas tu tem que aprender a
se defender. – Fala Kevin.
- Eu sei, mas é difícil, eu nunca
briguei na vida, quando eu morava com a nossa mãe eu nunca tinha brigado com
ninguém. – Fala James, nervoso
- Eu sei, mas nem sempre vou poder te
defender, e se não fosse por mim, tu já seria um zumbi. – Fala Kevin, sério.
- Imagina tu sem mim? Tu não teria
sobrevivido, igual naquela casa, tu teria morrido com aquela louca. – Fala
James.
- Ta, eu sei, eu teria morrido mesmo,
ou não, vai saber se eu não conseguiria escapar? – Responde Kevin, tentando
manter o orgulho.
James ignora o irmão, porque começa a
escutar grunhidos perto do carro, alguns zumbis estavam se aproximando e
cercando o carro. James fica com a mão na boca de Kevin para ele não falar
nada. Até porque o irmão não tinha visto a presença dos mortos por perto pois
estava entretido com a conversa.
Mais tarde, quando as coisas estavam
mais calmas no parque, os dois irmãos estão comendo suas ultimas comidas, balas
de iogurte. Quando acaba a comida, eles já sabem qual o destino deles: sair para
a rua à procura de alimento ou abrigo. E também não agüentavam mais ficar no
carro, já fazia quase uma semana que se abrigavam naquele carro. E não tinham
nenhuma informação da mídia pelo radio, e também nenhum radio pegava.
Noticias? Não se tinham a tempo, ultima
coisa que ficaram sabendo é que os estádios de futebol estavam sendo usados
como refugio para os vivos. Mas quando chegaram lá, viram outra coisa.
Como estava de noite decidiram
esperar amanhecer para sair. James ficou de vigia. E começou a jogar seu jogo
“quem você era antes do apocalipse”. Perto do arco (monumento histórico do
parque redenção) tem uma zumbi loira, alta, e bem vestida. Se não tivesse em
decomposição até poderia chamar ela de uma bela adolescente. James a apelidou
de zumbi patricinha, “certamente era a mais safada da escola, bem o tipo do
Kevin” pensa James. Atrás dela está um homem com um avental, se não fosse pela
mordida no lábio até dava para dizer que era um vivo de verdade. O cozinheiro
zumbi, foi como James o nomeou.
“Para quem será que ele estava
cozinhando? Será que era para algum de seus filhos? Ou para alguém que amava?
Será que ele realmente merecia ter esse “fim”? Será que eu e o meu irmão
merecemos tudo isso? Aonde está Deus? Para quem tanto rezei.” Pensa James.
James tinha tantas perguntas, que
talvez nunca tivessem respostas. A única coisa que tinha realmente certeza era
que ao ter contato com um dos infectados (sendo uma leve mordida pelo menos)
você se tornaria um deles. O primeiro sintoma é a febre, o segundo é a
alucinação, depois você morre, e logo em seguida você “volta à vida” só que com
uma necessidade, de se alimentar, só que de carne. Animais não sobrevivem ao
vírus, ou seja lá o que for. Quando eles entram em contato com um zumbi, não
sobrevivem. Tem todos os sintomas, febre e alucinação, mas eles morrem de
verdade. Talvez eles foram os primeiros a saber que tinha algo errado.
James se preocupa muito com o seu
irmão. Ele pode ser mais forte, e mais corajoso, mas tem coração mole. “Se ele
soubesse do que eu fiz para que nós sobrevivêssemos, ele me mataria”, pensa
James, “se eu nunca tivesse vindo passar o aniversario aqui, talvez ele já
estivesse morto”.
30/09/2010 (Kevin e Paolo Gaspar)
- Acorda moleque, hoje a Maira e teu
irmão vão vir ai. – Diz Paolo, pai dos gêmeos Gaspars.
Kevin abre os olhos, e vê seu pai,
que parecia muito feliz por rever sua ex-mulher. No fundo Kevin sabia que seu
pai ainda amava sua mãe. E sempre quando a via ficava feliz. Os únicos dias em
que Paolo não se preocupa com contas e com suas cervejas, são os dias em que
Maira vem a Porto Alegre. Seu pai fica mais radiante, só não tirou a barba
porque estava sem dinheiro para ir no barbeiro ou pior, de comprar um
barbeador. Kevin e seu pai vivem numa humilde casa, sempre comem do pouco, mas
dava para sobreviver.
Kevin se olha no espelho pensando que
tem que manter o penteado estilo militar, só para parecer menos gêmeo do que
James. Depois que seus pais se separaram, os dois irmãos se afastaram. Kevin
virou um garoto problemático, briguento, estudou até o 1º ano e com passagens
na policia. Toda a vez que a mãe ligava era só para ouvir sermão, ou para
escutar de como ele devia ser igual o seu irmão perfeito, que estuda em colégio
de riquinho, que é querido por todos, tem boas notas, é um garoto inteligente,
todo metido. Por isso que Kevin quer parecer menos parecido com seu irmão,
queria ser menos perfeito.
Os dois têm olhos castanhos, tem o
mesmo nariz grande, cabelos lisos, pretos, totalmente iguais, menos por um
detalhe, Kevin é um dedo e meio menor que James de altura, e também é mais
forte, seu irmão é magrelo, já Kevin, levantava ferro sempre quando podia.
Kevin e seu pai pegam um ônibus. Para
variar estava lotado, e tiveram que ficar de pé. Mais um motivo para o dia de
Kevin se tornar uma tortura.
- Filho, eu estou bonito? – pergunta
Paolo.
- Tu ta como todo dia. – responde
Kevin.
- Isso quer dizer o que? – Pergunta
Paolo, com medo da resposta.
- Pai, o senhor tem quarenta anos,
usa cabelo comprido, usa munhequeras, ta com uma barba enorme, faz todo o
estilinho roqueiro, e não combina com a sua idade. Mas no fim das contas
combina com o senhor, mas não com a sua idade, enfim, ta legal, se é isso que
tu queres escutar. Mas acho que a mamãe não vai te notar, até por que ela é
casada com um personal training. – Responde Kevin irritado com o seu pai.
- Foi assim que eu conquistei a sua
mãe, e olha que ela é só três anos mais velha. – fala seu pai, tentando por
pensamento positivo na cabeça do filho.
- Isso há vinte anos atrás. -
responde Kevin.
Os dois chegam na frente do hotel.
Paolo queria muito ver seu filho, mas queria ainda mais ver Maira. Os dois
esperaram uns quinze minutos sem ao menos trocarem uma palavra. Quando de um
taxi, sai uma mulher alta, muito bem vestida, com cabelos ondulados e ruivos,
olhos verdes, e pele igual de modelo, Maira. Atrás dela sai um garoto igual
Kevin, porem vestido só com roupas de marca, e o cabelo cortado igual de militar,
James.
- Droga. – diz Kevin indignado pelo
irmão estar com o mesmo cabelo.
Seu irmão sai correndo e abraça forte
seu pai, logo depois ele lhe da um abraço.
- Como tu está Kevin? – pergunta
James.
- Na boa. – responde normalmente.
- Meu filho lindo. – sua mãe o
abraça, ela tem um cheiro bom, e continuava sempre bonita.– Como tem passado? Andou
se comportando? Seu pai está cuidando de você? Já sabe, que ano que vem pode
vir morar comigo, vai ter 18 anos e ninguém vai poder nos separar de novo. –
Fala sua mãe chorando de saudades.
- Mãe, eu estou bem, obrigado. – Diz
Kevin tentando parecer que não ligava, mas estava com a maior vontade de
chorar.
Seus pais estavam conversando, os
gêmeos no entanto nem ao menos trocavam uma palavra. Andavam um do lado do
outro, as pessoas na rua ficavam olhando para eles, algumas apontavam e dizem
“olha, são gêmeos”, outras simplesmente ficam olhando de um para outro.
- Até parece que somos ETs. – Diz
James.
- Sim todo mundo fica nós olhando,
ainda mais que somos gêmeos, e somos bem diferentes. – Fala Kevin.
- Ainda mais tu que está com calças
rasgadas, se veste todo de preto, e é todo metido a fortão. – diz James.
- Pelo menos não me visto igual
marica com roupas de marca, com tênis caro, relógio de marca no pulso com
óculos na cabeça. – Responde Kevin, revirando os olhos.
- Isso foi uma critica? – pergunta James.
- Com certeza. – Fala Kevin.
- Cara tu tem que crescer, para com
essas bobagens, temos quase 17 anos, e não 15. – Diz James, sorrindo de canto.
- Então é fácil, simplesmente não
tenta dar uma de querer falar de como me visto. – Responde Kevin, de forma
agressiva.
- Não falei nada de mais. Vamos fazer
o seguinte, até amanha de noite, quando eu tenho que voltar para o Rio de
Janeiro, a gente não se fala. Não faz nem dez minutos que chegamos, e tu já
está sendo chato e infantil, como todo o ano. – Quando James termina de falar,
sai de perto do irmão, e fica ao lado do seu pai.
- Pronto agora estou em paz! – Kevin
diz alto, sem ao menos perceber que sua mãe tinha notado como o filho agia com
o irmão.
24/08/2011 (tempos atuais. Kevin e James Gaspar)
Já era de manha, Kevin estava na
vigia. Eles precisavam de comida. Kevin conhecia muito bem o bairro, e sabia
que tem vários barzinhos por ali perto, mas para fazer o caminho teriam que
passar por alguns zumbis, pela conta quatro, por sorte um mal conseguia ficar
de pé. Kevin não tem muito medo desses fedorentos, ainda mais quando são poucos
e não são recém infectados. Na maioria das vezes alguns são lerdos, pela falta
de membros. Mas isso quando estão separados, pois quando estão em grupos, o
perigo é aniquilador.
- James, tu é o guri dos planos,
temos que passar por aqueles quatro zumbis se quisermos realmente ter algo que
comer. A comida acabou, só temos duas garrafas de água, e vamos acabar morrendo
de fome. – Fala Kevin, um pouco preocupado.
- Bom, querido irmão. – Começa a falar
James. – Tem quatro zumbis à vista, provavelmente vamos encontrar mais alguns
amiguinhos desagradáveis por ai. Então fique preparado. Mas enfim, está vendo
aquela mulher toda de branco?
- Sim, o que tem ela? – pergunta
Kevin.
- Ela não tem braços, deve ser a mais
fácil de pegar primeiro, e ela esta em volta de varias árvore, da para pegar
ela primeiro. – Fala James.
- Perfeito, sei até como fazer. – diz
Kevin, se animando.
- Depois tem aquele velho, ele é cego
pelo visto, não tem olhos. Tu pode pegar ele por segundo. Mais atrás dele tem
aquela loira alta, essa sim é perigosa, tu vai ter que ser rápido. E por ultimo
tem aquela criança, que parece um recém zumbi, certamente quando tu atacar à loira
alta a criança provavelmente vai ir para cima de ti, ai complica. – James
começa a tremer só de pensar que seu irmão vai fazer tudo isso sozinho e com um
machado.
- Entendo, mas tudo bem, eu me viro.
– Kevin fala animadamente mas ao mesmo tempo preocupado. – O pior é que eu sei
que ira aparecer outros por ai, mas tudo bem, e tu fica atrás de mim, fica com
a mochila, pega o binóculo, os celulares, as garrafas, e a nossa calibre 38.
- E um detalhe, não se esquece de
tentar não fazer barulho, pode chamar atenção de vários, o pior ainda se
acumular uma manada deles, a ultima vez que isso aconteceu, eu achei que eu ia
morrer. – Fala James, que estava suando e tremendo
- Isso não vai acontecer, confia em
mim? – Pergunta Kevin.
- Confio. – Responde James.
Os dois irmãos saem do carro, o
parque parecia vazio, alem dos quatro zumbis que estão à vista. Os dois andam meio
agachados entre alguns carros. James está atrás de Kevin com todos seus
equipamentos. Kevin está preparado para pegar o primeiro zumbi, a mulher de
branco. Ela está de costas, os irmãos se escondem atrás de uma árvore, percebem
que os outros três zumbis estão bem a distancia e distraídos. Kevin bota o
machado na cintura, e da alguns passos, e empurra a mulher de branco no chão,
antes que ela pudesse gritar, ele quebra seu pescoço. Ele meche em seus bolsos
para ver se tem algo de útil,mas estava sem sorte. James sobe em cima de uma
árvore para não atrapalhar o plano do irmão. Kevin se esconde de baixo de um
carro. E vai engatinhando até o cago. Sem fazer nenhum barulho, quebra o
pescoço dele. Até ai estava tudo fácil. Sábia que na hora de pegar a loira alta
teria que lutar. Quando ele se levanta, se depara com a criança, e ela o vê, e
sai em sua direção. Kevin pega o seu machado e o ataca na cabeça. Na mesma hora
a loira alta o empurra jogando no chão. Kevin perde a arma, e fica segurando a
zumbi que parece ser forte para uma mulher morta.
Kevin da uma cabeçada nela, que faz
com que ela caia para trás, logo em seguida, da lhe um chute em sua cara,
quebrando seu maxilar, da um segundo chute e ela cai no chão, ele pega seu
machado e dá três machadadas, o suficiente para deformar a cabeça podre do
zumbi. Após fazer o que tinha combinado, Kevin procura seu irmão, que não o
enxergava ao seu redor.
De repente, perto dali, algo desce de
uma árvore, seu irmão. Que vai em sua direção. Kevin olha surpreso para o
James.
- Que foi? – Pergunta James.
- Nada. - Responde Kevin, que segue
em frente.
Os dois saem do parque, e chegam numa
avenida comprida, pela contagem tem uns oito zumbis em suas vistas. Mas que
dava para passar despercebido. A rua estava um caos completo, carros batidos e
virados de cabeça para o baixo, vidros de casa quebrados, corpos totalmente
devorados, e alguns corvos mortos. Kevin sabia aonde tinham que ir e James foi
atrás. Andando um pouco agachados, conseguiram passar despercebido pelos
zumbis, mais alem na rua, viram que o movimento estava muito cheio. James
estava tremendo, até Kevin estava percebendo que estavam ficando encurralados.
Agora não eram oito zumbis, mas sim uns vinte. James fala baixo para seu irmão:
- Ta vendo aquele ônibus escolar?
- Sim. – Responde Kevin.
- Vamos para dentro dele, é o lugar
mais seguro que tem.- Diz James. – Depois quando eles sumirem a gente procura
algum lugar para conseguir alimento.
- Feito então.- concorda Kevin.
Os irmãos Gaspar apresam os passos, e
conseguem chegar no ônibus sem fazer nenhum barulho, e muito menos sem serem
visto. Por sorte o ônibus estava vazio, eles se abaixam, e ficam quietos. O bom
é que os vidros são bem pretos, e ninguém de fora consegue ver o que tem
dentro. Para a sorte deles, a chave do ônibus estava ali com eles, Kevin pegou
e trancou a porta. Os dois estavam no meio da rua, cercado por vários zumbis
que só aumentava a cada minuto, e dentro de um ônibus com um machado.
James olha em cima dos bancos para
ver se acha alguma coisa, apenas uma mochila escolar. Dentro dela tem um pote
com um pedaço de bolo estragado e uma barra de cereal que a divide com seu
irmão.
- Bom apetite. – James sussurra.
- Ou nos vamos ser um bom apetite. –
Responde Kevin, tentando ser engraçado.
Os dois ficam agachados por horas,
sem água, sem comida, e com muito medo, a cada segundo que se passavam os
grunhidos aumentavam e o fedor de matar era de se vomitar. Mas já estavam
acostumados, esse era o novo mundo deles, aonde sempre passavam por situações
como essas. Todas às vezes estavam cercados por zumbis. Kevin estava deitado
sentindo falta de seu colchonete que por anos reclamava que era ruim, daria
tudo para ter aquele colchonete velho de volta, ou por ter que comer arroz com
alface como comia todos os dias. Agora ele tem que se preocupar com quantidade
de comida que vão ter, quando tem, e com água. O pior é cuidar a validade,
porque hoje em dia não se tem mais pessoas fabricando comidas novas. Daqui a
uns dois anos, todos vão morrer de fome, pois ninguém mais cria alimentos. É o
fim do mundo.
O sol estava se pondo, e os zumbis lá
fora estavam sumindo. James se levanta, e procura algum bar ali perto, sem
sorte, nada alem de carros.
- Cara, eu estou com muita fome. –
Diz James.
- Eu te entendo, que um cigarro? –
oferece Kevin.
- Não obrigado. – Recusa James.
- Um dia, tu vai virar fumante, tenho
certeza. – afirma Kevin.
- Hoje em dia não duvido de nada. –
diz o irmão, cuidando a rua.
- Sabe, fumar ajuda, ainda mais hoje
em dia, claro que mata, mas no meio de um apocalipse até que ajuda, ainda mais
quando estou com fome, me deixa mais calmo. – Kevin diz. Na mesma hora ele
acende seu cigarro e então abre um sorriso ao sentir a nicotina entrando em seu
corpo.
- Um dia eu te prometo que fumo
contigo, só espero que os cigarros não tenham passado da validade. – Fala
James.
- Quando isso acontecer eu vou ter
minha mudinha de maconha comigo, o fumo é meu melhor amigo, claro, depois de
ti. – Diz Kevin, que saia fumaça de sua boca.
- Um ano atrás eu não imaginaria que
a gente estivesse dentro de um ônibus, falando sobre cigarro. – Diz James
rindo.
- Muito menos eu. Mamãe deve estar
orgulhosa. – Comenta Kevin lacrimejando.
- Isso eu tenho certeza, ela sempre
falava de ti. O maior sonho dela era ter os dois filhos morando junto. – Diz
James segurando as lagrimas.
- Desde que os nossos pais se
separaram, eu ficava imaginando como era viver contigo, ou com a mamãe, dever
ser melhor do que viver com o pai, que estava sempre bêbado ou falando de
alguma banda de rock dele que nunca deu sucesso. – Fala Kevin.
James não fala nada, mas percebe que
o barulho lá fora tinha parado, quando olha vê a rua totalmente vazia, mas
estava escura.
- Será que a gente sai agora, não tem
nenhum morto lá fora pelo visto. – diz James.
- Sair de manha eu até saio, mas de
noite, ai complica. – Diz Kevin.
- Kevin, pode ser a nossa única
chance. – Diz James.
- Se tu diz, vamos sair então, até
porque eu estou morrendo de fome, e por via das duvidas vou levar as chaves
desse ônibus para caso precisarmos voltar de novo. Nunca se sabe quando vamos
precisar. Como papai dizia “melhor prevenir do que remediar” – Kevin fala
orgulhosamente.
Os dois saem do ônibus, a rua esta
escura, alguns postes de luz estão ligados. Os irmãos saem andando a procura de
algum bar. Kevin guia James que não conhece muito bem as ruas de Porto Alegre.
Eles avistam um zumbi, em uma questão de momentos Kevin pega e quebra o pescoço
do zumbi, não queria perder tempo. Não avistaram mais nenhum. Para as suas
felicidades, eles acham um bar. Ao entrarem nele, reparam no estado dele,
parecia que tinha passado um furacão ali dentro. Kevin leva James para o
estoque do bar, e vê que está vazio. E pede para o irmão ficar ali e esperar um
minuto.
Kevin sai do estoque deixando James
sozinho, ele se senta e espera o irmão voltar, ele acha um pedaço de madeira e
o pega “boa arma, até para um dia como hoje” pensa James. Ele olha no estoque e
percebe que tem comida para um mês ali para eles.
- Espero que estejam na validade. –
Fala James, sozinho.
Ele da mais umas voltas e acha uma
caixa cheia de cigarros, e abre um sorriso, sabia que seu irmão vai gostar
daquilo, encontra também varias caixas de cerveja, refrigerante e salgadinhos.
E no fundo do estoque encontra um banheiro imundo, mas para ele era a mil
maravilhas. Ainda mais quando encontram papel higiênico.
James começa a ficar preocupado, seu
irmão não voltou, quando ele decidiu sair do estoque para ir ver o irmão, a
porta abre. James leva um susto ao ver o irmão entrando.
- Pode sair, eu achei as chaves, o
dono deve ter esquecido no meio disso tudo, e eu fechei o bar, estamos seguros
por enquanto, e com comida. – Kevin diz, sorridente.
- Que alivio, estamos no paraíso, tu
tem que ver, achei papel higiênico e cerveja, elas estão quentes mas não ligo.
– Diz James.
- Quem diria que meu irmão mauricinho
gostava de cerveja. – Zoa Kevin.
- Olha Kevin, hoje em dia até um gole
de cerveja vale à pena. – Fala James.
- Acho melhor a gente dormir, peguei
uns panos de mesa e cortina para fazer de cama, e a gente se tranca aqui no
estoque por segurança. – Kevin diz, pensando em como deve ser bom ter uma noite
mais tranqüila.
- Okay, só que agora vamos fazer
seguinte, duas horas para cada um vigiar. Não vamos usar descarga para não
fazer barulho, não vamos usar a luz, no maximo, umas velas que eu achei, e só
de noite. E antes de dormir, e vou comer salgadinho e tomar cerveja. – Fala
James.
- Posso acompanhar a dama? – Fala
Kevin gozando do irmão.
- Com todo o Prazer. – Responde James sorrindo
para o irmão.
Adorei ta ficando muito bom,quando vai postar mais!Eu tbm adoro filmes de zumbis
ResponderExcluirMuito obrigado Brenda. fico feliz que tenha gostado. Eu vou postar um capitulo por semana, talvez no sábado ou na sexta eu poste novamente. Se quiser ficar atualizada, adiciona o grupo do face http://www.facebook.com/groups/142925732481284/
ResponderExcluirOliveer, mt bom *-*
ResponderExcluirSe não tivesse em decomposição até poderia chamar ela de uma bela adolescente. Por isso te chamam de tarado lá na outra história kkkk (nada haver)
ResponderExcluir#zuera xD
Tchê, esse apelido n pode chegar até aqui. tri revolts sadoífjdsiojfsiodfjpsdiofjdoisfjsdio
ResponderExcluirInteressante. Seguindo o rumo da história.
ResponderExcluircara ta muito tri essa história ainda mais na nossa poto alegre d++++++
ResponderExcluirNão consegui ler tudo , mas pelo o q eu li é interessante !
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