sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Capitulo 7


Capitulo 7 – Vidas passadas.


18/09/2011 (Tempos atuais. Kevin, James, Ana, Miguel e Melissa)
Miguel estava sentado em seu sofá junto a Kevin. Os dois se encaravam. Kevin batia os dedos no braço do sofá demonstrando impaciência. Miguel está calmo. Ele abre a gaveta da mesa de cabeceira, retirando um cigarro. Ele acende e oferece para Kevin, o que gerou um brilho em seu olhar ao ver aquela coisinha branca com a ponta queimando.
- Então, não tem nada para me contar? – Pergunta Kevin, soltando fumaça pela boca.
- O que eu teria pra te contar, moleque?
- Tu não me engana. Andei muito na rua, vi muitas coisas, eu conheço muito bem o tipo de pessoa que tu é..– Diz Kevin, convicto.
- Até que tu não é tão burro! Achei que o gêmeo esperto era o James. – diz Miguel, sorrindo sarcasticamente.
- Ele não andou por onde eu andei.
- Acho melhor eu ficar de olho em ti, tu é pior que uma mulherzinha quando quer catar a vida de alguém. – Miguel, debocha.
- Acho que é eu tenho que ficar de olho em ti. – Diz Kevin, enquanto se aproxima, deixando seu rosto quase junto ao de Miguel, alguns centímetros de distancia. – Eu conheço um assassino, ainda mais com um olhar tão vazio, tão sem esperança... Não sou idiota, andei por muito tempo com pessoas erradas.
Miguel solta uma risada tão alta que os ouvidos de Kevin latejam.
- Garoto, agora tu me impressionou! Tu pode até não confiar em mim, mas não te preocupa porque não irei matar ninguém... Olha, eu até te admiro, mas se eu fosse tu daria um jeito de se manter longe do meu passado. – ameaça Miguel.
- Não vou descansar até saber, eu não confio em ti. – Diz Kevin, saindo da casa de Miguel.
Ele bate a porta. Melissa toma um susto ao descer das escadas.
- Kevin, tudo bem? – Diz Melissa, curiosa.
- Não te interessa! – Responde Kevin, sendo grosso inconscientemente.
- Bem como a Ana mesma disse: tu és um grosso! E eu ainda te defendi! – Responde Melissa, dando as costas para Kevin, que vai atrás dela. Ele segura o ombro dela e diz:
- Desculpa, é que não estou nos meus melhores dias...
- Tu ta assim sempre, eu sei que estamos andando entre a morte, mas depois desse tempo todo e de tudo o que passamos, tu tem que aprender a ter um controle se não tu vai botar a gente em risco! Vê se cresce, os tempos são outros. – diz Melissa, ainda de costas para Kevin.
Ana e James se juntam a conversa.
- Se tu continuar gritando assim Melissa, a gente vai se dar mal. – Diz James.
- Ele esta certo, Melissa. – Diz Ana.
- Só quero ficar em paz, não da para agüentar. É, vocês estão certos, vou parar de gritar antes que eu reze para eles entrarem aqui. – diz Melissa, chorando.
- Kevin, o que tu falou para ela? – Pergunta James.
- Nada, só fui eu mesmo. – Responde Kevin.
Ana revira os olhos, já imaginava o que tinha acontecido. Ela abraça Melissa e tira ela de perto dos garotos. Miguel chega.
- O que diabos está acontecendo aqui?– Pergunta ele.
- O Kevin, dando uma de Kevin de sempre. Criança idiota. – diz James.
- Cuidem da vida de vocês. – diz Kevin, bravo.
- Olha quem fala, não era tu que estava me interrogando minutos atrás? – Diz Miguel.
- Tu sempre estraga tudo, sempre arranja briga. Daqui a pouco vão nos mandar embora cara! Até parece que tu só sabe fazer inimigos, não consegue nem perceber que é uma gentileza enorme do Miguel e da Melissa deixarem a gente ficar aqui e...- James é interrompido.
Kevin da um soco na boca de James, ele cai no chão. Kevin está explodindo. Miguel segura ele.
- Guri, te acalma! Sai daqui James, antes que ele te mate, coisa que não é de se duvidar. – diz Miguel.
James vai para a sua casa com a boca sangrando. Miguel segura Kevin pela gola da camiseta, o levanta do chão e encosta suas costas com força contra a parede.
- Quer saber do meu passado, realmente? Vou te contar então, só depois não diz que não te avisei! Eu matei muitas pessoas vivas e na maioria delas não tive remorso. Agora quer saber por que eu fazia isso, seu pivete? Eu fazia porque me pagavam, eu tinha dinheiro para dar comida para a minha família, eu tinha uma vida boa, hoje em dia eu sinto que sou castigado por tudo isso! Porque o peso que fica nas minhas costas é tão grande que tenho vontade de me suicidar! Está contente agora? – diz Miguel, que estava quase sufocando Kevin, ao mesmo tempo lagrimas escorrem pelos seus olhos negros.
Kevin é solto. Ele cai no chão e inspira rapidamente, tentando pegar todo o oxigênio do ambiente. Miguel está de costas para ele. Kevin não sabe o que dizer.
- Eu sei, fui imaturo demais, prometo que tentarei mudar... Não devia ter agido assim! Vou me redimir com Melissa. – diz Kevin.
- Sim. – Responde Miguel, enquanto o deixava sozinho.
Melissa estava limpando suas lagrimas. Memórias ruins vinham em sua cabeça, como se fossem fantasmas que a perseguiam todo o dia, não podia negar os sorrisos que nunca mais iria ver. Os dias nunca mais seriam os mesmos, nada estava mais fácil, ela só queria ficar em paz, sonhar alto, e lutar pela sua sobrevivência, queria mostrar seu valor. No fundo, ela sábia que era muito mais do que uma menina que se distraia com sexo alheio. A raiva de tudo a sua volta domina seu corpo, incontrolavelmente. Melissa chega a dar um soco na parede do banheiro.
Ana não sabe como acalmar a amiga, mas não agüentava ver dramática como estava, mas afinal, quem não estia nos tempos como esse?
- Melissa, não querendo defender o Kevin... Mas ele estava com a cabeça cheia, tenho certeza que ele não queria ser grosso contigo. – Ana tenta acalmar as coisas.
- Eu sei, mas não é só isso. É que não estou num dia bom. Acho que tu me entende, no meio de toda essa merda, a gente fica meio assim. – Diz Melissa, limpando as ultimas lagrimas.
- Entendo, mas temos que ser fortes. – diz Ana.
Elas escutam alguém batendo na porta. Ana olha no olho mágico, ela suspira. Melissa faz sinal negativo com a cabeça, ela sabia quem era e não queria escutá-lo no momento. Mas Ana abre a porta, já com o seu semblante sério.
- Posso falar com ela? – Pergunta Kevin.
- Mais tarde. – Diz Ana, fechando a porta na cara de Kevin.
- Depois eu que sou grosso. – Kevin diz no outro lado da porta, para que Ana escutasse
01/10/2010 (Melissa Borba)
Ultimo click da tesoura. A sua cliente olha fantasticamente para o espelho. Melissa sente o prazer de um trabalho bem feito. A cliente deslumbra seus novos cabelos que antes eram volumosos e sem cor, agora eles estão curtos, na moda e com tom vivo de ruivo, os pequenos olhos da criança estavam radiantes e com um brilho único. Se tinha algo realmente em que Melissa era boa, era em cortar o cabelo. Ela sábia exatamente como ressaltar os olhos, e fazer que o cabelo fique numa moldura perfeita no rosto, para ela, cortar cabelos era sua maior arte, algo que queria fazer até tudo acabar.
- Obrigado, moça.! – Diz Gina, feliz.
- De nada. Se eu tivesse um cabelo igual o seu, gostaria de ter o mesmo corte. – diz Melissa, tentando conquistar a cliente.
- Mas seu cabelo é lindo! Cumprido e loiro. – diz Gina, admirando o pelo espelho.
- Obrigada, meu bem. – Agradece Melissa, que nessa época adotava um cabelo feminino e comprido.
- Pronto Gina, agora tu está linda para a chegada da Amanda. – Diz Bruna, sentada num sofá perto delas.
- Ta bem, obrigado moça do cabelo bonito. – Agradece Gina.
- De nada, meu bem.
Melissa troca de roupa para ir para seu intervalo. Iria se encontrar com sua namorada. Ela veste seu vestido e suas sapatilhas brancas. Arruma seus lindos cabelos sedosos e loiros. Seus olhos azuis ficam mais brilhantes ao se chocar com o sol, dando um toque azul claro.
- E aí, gata? – diz Rafaela, ao encontrar Melissa.
- Oi amor! – Diz Melissa, que logo em seguida da um beijo em sua namorada.
Elas se beijam em frente a multidão toda, ignorando tudo a sua volta, principalmente as ofensas da sociedade ignorante que insiste em dizer que são pecadoras.
Rafaela é o oposto de Melissa que, é toda metida à delicadinha. Rafaela usa cabelo igual de menino, com piercing no nariz, tatuagens no braço e roupas um pouco largas. Até da para se dizer que é um menino.
O casal se senta num parque ali perto. O sol escaldante e a brisa das árvores era a melhor sensação que se podia ter na opinião de Melissa, ela sempre gostou de coisas naturais.
- Quando tu vai contar para os teus pais da gente? – Pergunta Rafaela, segurando a mão de sua namorada.
- Assim que eles voltarem de viagem. Mas tu já sabe o que eles vão dizer. 
- Não ligo! Só quero ficar contigo. – diz Rafaela, tocando no rosto de Melissa.
- Tenho que te contar uma coisa. – diz Melissa, tremendo.
Rafaela está seria, quando sua namorada começava a tremer, sábia que não iria receber notícia boa. Então tomou a calma no rosto, para transmitir confiança para Melissa, que é uma garota muito delicada e emocional.
- Hoje o Matheus sai da prisão, estou com medo que ele venha atrás de mim. – diz Melissa.
- Não te preocupa, ele não pode chegar perto de ti, ainda mais depois do que ele fez! – Diz Rafaela, sendo cautelosa por tocar em um assunto delicado.
Melissa começa a chorar, ela abraça sua namorada.
- Faltava tão pouco para elas nascerem! Porque ele fez isso? Eu quero minhas filhas. – diz Melissa.
Rafaela não diz nada, só tenta acalmar sua namorada.
- Meu amor, vamos pensar positivo. Ele não pode chegar perto de ti. Se chegar é prisão na hora, ordem do juiz. E eu te prometo que vou te dar quantos filhos tu quiser! Nem que eu arrume uma barriga de aluguel, teremos vários filhos. – diz Rafaela, olhando nós olhos de Melissa.
- Eu te amo. – diz Melissa.
- Eu te amo em dobro. – responde Rafaela, sorrindo.
- Então prova! – Provoca Melissa, querendo se distrair.
- Quer prova, então moça? Depois que eu sair do trabalho eu te faço uma surpresa. - diz Rafaela.
- Eu te espero no parque, só quero ver tu me impressionar! – diz Melissa, arrumando os cabelos.
- Tu não sabe do que sou capaz.
18/09/2011 (Tempos atuais. Kevin, James, Ana, Miguel e Melissa)
Estava anoitecendo, o céu estava cor de rosa, mais um crepúsculo cobre os céus. Kevin está solitário na vigia. Ele se sente mal pelo o que causou hoje. Só agora se deu conta o quanto foi idiota por ter pressionado o Miguel por falar algo tão intimo ou sinistro. Pediria desculpas para seu irmão depois e falaria com Melissa também.
O movimento na rua estava bem assustador. É como uma multidão de pessoas num show. Porem elas estão sem partes do corpo. Kevin não entendia como eles demoram mais para se decompor, deve ser por causa do vírus, pensa ele.
Kevin sente o cheiro de cigarro. Ele olha para trás e vê Melissa, que esta com um short curto e uma blusa mostrando sua barriga e sua franja está presa com um tiktak.
- Quer um cigarro? – pergunta Melissa.
- Meu bem, eu adoraria! – Kevin imita Melissa, que ri forçadamente.
Ela se senta ao lado de Kevin.
- Olha Melissa, odeio fazer isso e sei que erro na maioria das vezes. Mas desculpa, eu não devia ser tão grosso contigo. – diz envergonhadamente.
- Eu também não devia ter feito aquele escândalo, não estou nos meus melhores dias. – diz Melissa.
- Nostalgia é uma droga no meio disso tudo – Diz Kevin, tragando seu cigarro.
Melissa sorri para Kevin. Ele olha em seus olhos. Ele tira o cigarro da boca de Melissa e a beija, ela se surpreende um pouco com a situação, mas corresponde o beijo. Eles se entrelaçam rapidamente, Melissa começa a abrir o fecho da calça de Kevin. Ele a deixa deitada e sobe em cima dela.
Kevin rasga a blusa de Melissa. Os dois se envolvem no meio da morte.
- Gostei de suas desculpas. – diz Melissa, vestindo seu short, após terminarem de se entrelaçar.
- Podemos nos desculpar mais vezes. – Diz Kevin, sarcasticamente.
- Ou não. Não curto muito me relacionar com irmãos. – diz Melissa.
Kevin não diz nada. Melissa esperava uma cara de surpresa. Ela prende sua franja novamente e com pequena surpresa ela diz:
- Então Jamesinho já tinha te contado!
- Sim, é meu irmão. Obviamente ele iria me contar... Ele não sabe mentir tão bem quanto eu. – diz Kevin.
- Essa não é a questão. Meu bem, boa vigia para ti. Daqui a pouco o chamo o Miguel para vigiar.
- Não precisa me chamar. – diz Miguel sorrindo com uma cara de “te peguei no flagra”
Kevin se levanta rápido e começa a vestir suas roupas, ele está num vermelhão. Melissa sai de fininho como se não tivesse visto Miguel. Ela deseja boa noite aos dois com a cara mais de santa possível, e sai da cobertura quase voando.
- Uma hora a gente se acostuma com esse jeito da Melissa. – diz Miguel.
- Como assim? – Pergunta Kevin.
- Esquece. Mas enfim... Está mais calmo, moleque? – Pergunta Miguel.
- Sim. – Responde Kevin.
- Isso é cheiro de cigarro? – Pergunta Miguel.
- Tu tem um faro pior do que o meu. Com todo esse cheiro que eu e a Melissa deixamos e com o cheiro dessas coisas lá em baixo, tu ainda sente o cheiro de cigarro. – Diz Kevin, batendo palmas.
- Vicio é vicio. Só vim mais cedo vigiar porque quero dizer que tu não precisa ficar preocupado comigo. O que eu fazia ou deixava de fazer é tudo passado. Só mato pessoas mortas... Essa frase é estranha! – diz Miguel, olhando para a lua, que estava radiante.
- Também acho. Mas não tem como não se preocupar, tu assumiu para mim que era um assassino, mesmo que seja para ajudar a tua família, tu não deixa de ser um. – diz Kevin.
- Eu sei. Pensei nisso tudo o que tu está falando ou pensa em falar. Mas se tu for mais esperto tu pensaria o porquê da Melissa estar viva ainda. Porque não a matei ainda? – Diz Miguel.
Kevin novamente se sente mal por desconfiar de Miguel.
- Tá bem! Tu me convenceu, a partir de hoje dou um voto de confiança em ti, seu velho. – diz Kevin.
- Não sou velho, só sou vivido, nem cabelo branco eu tenho. – Brinca Miguel.
- Mas vai ter antes de mim. – Diz Kevin.
- Vamos fazer um trato? – diz Miguel
- Desde que não envolva zumbis... – Responde Kevin.
- É uma aposta boba, mas é só para a gente se distrair. – Diz Miguel.
- Fala logo. – Diz Kevin, impaciente.
- Se eu um dia virar um zumbi, quero que me mate. – diz Miguel.
- Com todo o prazer, seu velho! – Diz Kevin.
Os dois sobreviventes apertam as mãos, de forma como se tivessem se aliando.
03/10/2010 (Kevin, James, Maira e Paolo)
Quatro horas da manha quando se escuta tiros na rua. Todos acordam assustados. Paolo se levanta rapidamente e espiona a rua. Dois policiais estão na rua e eles estão matando todas as pessoas ou melhor: todos os infectados.
- Como eles podem fazer isso? – Pergunta James, assustado.
- Com armas, seu idiota! – Kevin responde, ironicamente.
- Mas são civis, são pessoas doentes. Não podem fazer isso! – Diz Maira, com as mãos no rosto.
- Faz três dias que não vimos resultado nenhum. E até agora as autoridades não mandaram nem o exercito para aniquilar isso. As coisas devem estar bem piores do que imaginamos. – diz Paolo.
Os dois policiais saem de vista. Vários zumbis correm atrás deles. Eles escutam um grito. E depois só o que soa no ar são os gemidos dos que vagam a rua. Maira começa a chorar de novo, James abraça sua mãe.
- Se acalma mãe, vai ficar tudo bem. – diz James.
- Não consigo me acalmar! Olha como está tudo na rua. Se já faz três dias que estamos na pior, imagina daqui um mês. – diz Maira.
- Maira, a gente tem que conversar. Meninos, vão para o quarto do Kevin um minuto. – diz Paolo.
Kevin resmunga um pouco e vai primeiro. James vai logo em seguida, cabisbaixo. Paolo se senta ao lado de Maira. Ela olha para ele com os olhos inchados de tanto chorar, coisa que sempre conquistou Paolo quando eram casados.
- O que eu vou dizer pode parecer um absurdo para ti. Mas eu tenho essa obrigação de dizer. – Diz Paolo.
- Diga.
- Tu tem que manter o controle. É difícil, eu sei. Mas tu não pode ficar tão desesperada assim! As coisas estão feias lá fora, esses últimos dias nos escutamos muitas pessoas pedindo socorro, chorando, morrendo, um monte de coisas que nunca imaginei sequer ver na minha vida. Nem as autoridades tens controle disso tudo. Isso é pior que uma guerra mundial. E tu tem que se mostrar forte, pelos meninos. Se não, a gente perde. Não quero perder ninguém. E se tu se mostrar fraca tu já era! E tu quer deixar eles sozinhos? São crianças e temos que lutar por eles. Então em vez de chorar se mostre corajosa, é difícil mas não custa tentar. – Diz Paolo, enquanto segura as mãos de sua ex mulher.
Maira olha fixamente para os olhos de Paolo, ela percebe o erro que estava cometendo. Tem que se manter forte pelos seus filhos, caso contrario, iria deixar suas crianças loucas, e as perderia, iria fazer o melhor de si, para salvar a vida daqueles que amam, o seu prol de vida, seus filhos.
- Paolo, obrigado. Vamos fazer isso por eles. Vou viver por eles. – diz Maira.
- Assim que se fala. E temos que aceitar uma coisa. – diz Paolo.
- O que? – Pergunta Maira.
- Nada mais vai ser como antes. – Diz seriamente ele.
- Como imaginava. Uma boa parte das pessoas ai fora viraram zumbis, como dizem na TV.
- Se prepare para o pior. – diz Paolo.
- Temos que lutar por eles. – Diz Maira por fim.
O sol estava nascendo. A rua parecia calma. James liga a TV e está dando fora do ar. Paolo e Maira estavam tomando café. James cuidadosamente espiona a rua. Ao olhar em volta do quintal da casa de seu irmão, consegue ver uma zumbi perto do lixo. É a primeira vez que ele fica perto de um desde o primeiro dia. A zumbi começa a andar e ele a reconhece. Uma senhora que cuidou do James e do Kevin quando pequenos. Agora ela virou uma dessas coisas. Ela se rastejava, sua perna esquerda estava totalmente comida. James se assusta mas ao mesmo tempo fica triste.
“Ela não merece isso. Que Deus a tenha Dona Mercedes.” Pensa James.
- Sai da janela, James. – diz Maira.
James sai rápido da janela, não iria querer contrariar a sua mãe.
- Desculpa, mãe. – diz James.
- Tu está proibido de ir para a janela sem eu ou o teu pai deixar! Estamos combinados? – diz Maira, rispidamente.
- Tá bem, mãe. – Diz James.
- Muito bem. Chame seu irmão. Eu e o Paolo queremos conversar com vocês. – Diz Maira.
James vai em direção ao quarto de Kevin. Ele abre a porta se lembrando de ter deixado ela aberta. E quando olha para dentro, percebe que seu irmão não está lá. Então James repara em duas coisas:
1º)  A janela está aberta.
 2º) Tem uma carta em cima da mesa de cabeceira.
James não estava entendendo. Mas já imaginava o que tinha acontecido. Ele pega a carta a lê.
“Vocês podem ficar brabos, mas eu tive que fugir. Vou ficar bem. Não me procurem. Caso algo aconteça não se esqueçam que sempre amei vocês. Principalmente você, James.
Kevin”
James não sabia o que fazer, ele entra em pânico. O medo toma conta de seu corpo. Paolo chega no quarto, vê que tem algo errado e lê a carta que está na mão do filho.
- Não acredito. – diz Paolo.
Paolo mostra para Maira a carta. Ela pega celular e tenta ligar para filho. Ele não responde. Ela vai em direção a porta e quando tenta abrir James a interrompe.
- Não, mãe. Isso é suicídio! – diz James, com medo.
- Maira, ele tá certo. Vocês ficam aqui e eu vou atrás dele. Estou com a guarda dele, é minha responsabilidade. – diz Paolo.
- Eu o carreguei por nove meses. Tenho que agüentar viver sem ele então eu vou atrás dele! – diz Maira, chorando.
- Mãe, mas tu nem sabe aonde ele foi! Eu também estou preocupado, mas não posso deixar tu ir.– diz James, chorando.
- Maira, eu vou. Eu o acho. – diz Paolo.
- Parem os dois. Vocês nem ao menos sabem aonde ele foi. Não posso deixar vocês irem lá fora. Se eles morderem um de vocês não tem mais volta! – Diz James, quase implorando aos seus pais.
- Nem sabemos se é a mordida – Diz Paolo.
- Não se finja, tu sabe que é. Todos sabemos. E custe o que custar, nenhum dos dois vão sair de casa! – James diz que está em frente à porta de braços abertos, impedindo que seus pais saíssem de casa.
Maira se abaixa até poder olhar dentro dos olhos do filho, então dizendo: 
- Meu filho, eu estou de coração partido. Mas quando tu for pai, tu vai entender. Uma mãe ou pai faz de tudo pelo seu filho. Se caso fosse tu que tivesse fugido ou até se perdido, tenha certeza de que eu e o Paolo iríamos atrás de ti.
- Maira, tu fica e eu vou! – diz Paolo, quase puxando James da porta.
- A diferença Paolo é que eu sei a onde ele está e tu não. E alguém tem que cuidar do James. – diz Maira.
- Se for assim, eu quero ir junto então. Vou achar meu irmão e se for para eu perder algum de vocês que eu caia junto! – Diz James.
- Não é a melhor hora para se dizer isso, meu filho. – diz Paolo.
- Sou a pior mãe do mundo, mas de certa forma ele está certo. Temos que ir juntos. – Diz Maira, se sentindo irresponsável pela decisão.
- Afinal, a onde ele está mamãe? – Pergunta James.
- A onde mais? Ele foi procurar a Luana. – Diz Maira.
03/10/2010 (Kevin Gaspar)
Kevin estava no seu quarto sozinho. Ele disca novamente o telefone de Luana. Ela não atende. Sabia exatamente como fazer. O seu irmão não estava por perto. Ele pega um papel e uma caneta e escreve um bilhete. Pega sua mochila que já estava preparada com bolacha e água. Por ultimo pega seu bastão de beisebol. Olha pela janela. Dois zumbis. Não sabe exatamente o que fazer. Roubaria a moto dos Cardozo, mas antes tentaria pelo menos atordoar os zumbis. Na televisão as pessoas estavam matando. Tentaria não fazer isso. Mesmo sabendo que estava no inferno.
Ele pula a janela e os zumbis escutam o barulho do seu impacto contra o chão, logo em seguida disparam ao seu encontro. Foi a primeira vez que Kevin teve tempo de reparar nesses monstros: Alem de estarem cheio de mordidas, seus olhos estão com as pupilas extremamente dilatadas, da sua boca sai sangue... É como se tivessem raiva, mas ao mesmo tempo clamassem por viver. Kevin tira o bastão da mochila e acerta a cabeça do primeiro, a força usada foi tão grande que quebrou a mandíbula da criatura, mesmo assim ele se levanta e tenta o atacar de novo. Nesse mesmo tempo o outro zumbi o alcança. Kevin está com medo, mas não podia desistir tão fácil. Ele termina de destruir a cabeça do primeiro zumbi e empurra o segundo para o chão, subindo em cima do monstro e bate tantas vezes o bastão em seu rosto que quando termina percebe que o que restou era uma massa disforme.
Kevin não conseguia acreditar no que tinha acabado de fazer, tinha matado! Ele olha para as suas mãos, que estavam ensangüentadas, sem pensar duas vezes, ele as limpa em suas calças, não queria manter essas imagens na cabeça, não pretendia chegar ao nível de loucura, tinha que manter a cabeça livre.
A rua estava limpa. Ele vai até a garagem de seus vizinhos que estava aberta. A moto está lá, mas a chave não. Ele abre a porta que da em direção a sala. Por sorte está aberta. A casa está vazia há não ser pelo corpo morto da Sra. Cardozo, que estava irreconhecível e com a cara mutilada por tiros. Kevin andou muito nessa casa, sabia aonde guardavam as chaves. Muitas vezes dormiu nessa casa com seu único amigo, que não se tinha sinal de vida. Ele pega as chaves e volta para a moto. Ele a liga e sai em direção a sua amada Luana.
Uma coisa Kevin sabia: Custe o que custar ele salvaria Luana. Nem que tenha que matar todos os zumbis do mundo.
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Recomendo para vocês
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3 comentários:

  1. Muito Show!
    Se eu fosse o Kevin, a Luana que se cuidasse sozinha *--*

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  2. Muito bom, me coloquei no lugar do Kevin.
    Faria tudo para salvar minha namorada, enfrentaria meio mundo!

    Mandou benzasso nesse cap. ;)

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