Capitulo 7 – Vidas
passadas.
18/09/2011 (Tempos atuais. Kevin, James, Ana, Miguel e Melissa)
Miguel estava sentado em seu sofá
junto a Kevin. Os dois se encaravam. Kevin batia os dedos no braço do sofá
demonstrando impaciência. Miguel está calmo. Ele abre a gaveta da mesa de
cabeceira, retirando um cigarro. Ele acende e oferece para Kevin, o que gerou
um brilho em seu olhar ao ver aquela coisinha branca com a ponta queimando.
- Então, não tem nada para me contar?
– Pergunta Kevin, soltando fumaça pela boca.
- O que eu teria pra te contar, moleque?
- Tu não me engana. Andei muito na
rua, vi muitas coisas, eu conheço muito bem o tipo de pessoa que tu é..– Diz
Kevin, convicto.
- Até que tu não é tão burro! Achei
que o gêmeo esperto era o James. – diz Miguel, sorrindo sarcasticamente.
- Ele não andou por onde eu andei.
- Acho melhor eu ficar de olho em ti,
tu é pior que uma mulherzinha quando quer catar a vida de alguém. – Miguel, debocha.
- Acho que é eu tenho que ficar de
olho em ti. – Diz Kevin, enquanto se aproxima, deixando seu rosto quase junto
ao de Miguel, alguns centímetros de distancia. – Eu conheço um assassino, ainda
mais com um olhar tão vazio, tão sem esperança... Não sou idiota, andei por
muito tempo com pessoas erradas.
Miguel solta uma risada tão alta que
os ouvidos de Kevin latejam.
- Garoto, agora tu me impressionou!
Tu pode até não confiar em mim, mas não te preocupa porque não irei matar
ninguém... Olha, eu até te admiro, mas se eu fosse tu daria um jeito de se
manter longe do meu passado. – ameaça Miguel.
- Não vou descansar até saber, eu não
confio em ti. – Diz Kevin, saindo da casa de Miguel.
Ele bate a porta. Melissa toma um
susto ao descer das escadas.
- Kevin, tudo bem? – Diz Melissa,
curiosa.
- Não te interessa! – Responde Kevin,
sendo grosso inconscientemente.
- Bem como a Ana mesma disse: tu és
um grosso! E eu ainda te defendi! – Responde Melissa, dando as costas para
Kevin, que vai atrás dela. Ele segura o ombro dela e diz:
- Desculpa, é que não estou nos meus
melhores dias...
- Tu ta assim sempre, eu sei que
estamos andando entre a morte, mas depois desse tempo todo e de tudo o que
passamos, tu tem que aprender a ter um controle se não tu vai botar a gente em
risco! Vê se cresce, os tempos são outros. – diz Melissa, ainda de costas para
Kevin.
Ana e James se juntam a conversa.
- Se tu continuar gritando assim
Melissa, a gente vai se dar mal. – Diz James.
- Ele esta certo, Melissa. – Diz Ana.
- Só quero ficar em paz, não da para
agüentar. É, vocês estão certos, vou parar de gritar antes que eu reze para
eles entrarem aqui. – diz Melissa, chorando.
- Kevin, o que tu falou para ela? –
Pergunta James.
- Nada, só fui eu mesmo. – Responde
Kevin.
Ana revira os olhos, já imaginava o
que tinha acontecido. Ela abraça Melissa e tira ela de perto dos garotos.
Miguel chega.
- O que diabos está acontecendo aqui?–
Pergunta ele.
- O Kevin, dando uma de Kevin de
sempre. Criança idiota. – diz James.
- Cuidem da vida de vocês. – diz
Kevin, bravo.
- Olha quem fala, não era tu que
estava me interrogando minutos atrás? – Diz Miguel.
- Tu sempre estraga tudo, sempre
arranja briga. Daqui a pouco vão nos mandar embora cara! Até parece que tu só
sabe fazer inimigos, não consegue nem perceber que é uma gentileza enorme do
Miguel e da Melissa deixarem a gente ficar aqui e...- James é interrompido.
Kevin da um soco na boca de James,
ele cai no chão. Kevin está explodindo. Miguel segura ele.
- Guri, te acalma! Sai daqui James,
antes que ele te mate, coisa que não é de se duvidar. – diz Miguel.
James vai para a sua casa com a boca
sangrando. Miguel segura Kevin pela gola da camiseta, o levanta do chão e
encosta suas costas com força contra a parede.
- Quer saber do meu passado,
realmente? Vou te contar então, só depois não diz que não te avisei! Eu matei
muitas pessoas vivas e na maioria delas não tive remorso. Agora quer saber por
que eu fazia isso, seu pivete? Eu fazia porque me pagavam, eu tinha dinheiro
para dar comida para a minha família, eu tinha uma vida boa, hoje em dia eu
sinto que sou castigado por tudo isso! Porque o peso que fica nas minhas costas
é tão grande que tenho vontade de me suicidar! Está contente agora? – diz
Miguel, que estava quase sufocando Kevin, ao mesmo tempo lagrimas escorrem
pelos seus olhos negros.
Kevin é solto. Ele cai no chão e
inspira rapidamente, tentando pegar todo o oxigênio do ambiente. Miguel está de
costas para ele. Kevin não sabe o que dizer.
- Eu sei, fui imaturo demais, prometo
que tentarei mudar... Não devia ter agido assim! Vou me redimir com Melissa. –
diz Kevin.
- Sim. – Responde Miguel, enquanto o
deixava sozinho.
Melissa estava limpando suas
lagrimas. Memórias ruins vinham em sua cabeça, como se fossem fantasmas que a
perseguiam todo o dia, não podia negar os sorrisos que nunca mais iria ver. Os
dias nunca mais seriam os mesmos, nada estava mais fácil, ela só queria ficar
em paz, sonhar alto, e lutar pela sua sobrevivência, queria mostrar seu valor.
No fundo, ela sábia que era muito mais do que uma menina que se distraia com
sexo alheio. A raiva de tudo a sua volta domina seu corpo, incontrolavelmente.
Melissa chega a dar um soco na parede do banheiro.
Ana não sabe como acalmar a amiga,
mas não agüentava ver dramática como estava, mas afinal, quem não estia nos
tempos como esse?
- Melissa, não querendo defender o
Kevin... Mas ele estava com a cabeça cheia, tenho certeza que ele não queria
ser grosso contigo. – Ana tenta acalmar as coisas.
- Eu sei, mas não é só isso. É que
não estou num dia bom. Acho que tu me entende, no meio de toda essa merda, a
gente fica meio assim. – Diz Melissa, limpando as ultimas lagrimas.
- Entendo, mas temos que ser fortes.
– diz Ana.
Elas escutam alguém batendo na porta.
Ana olha no olho mágico, ela suspira. Melissa faz sinal negativo com a cabeça,
ela sabia quem era e não queria escutá-lo no momento. Mas Ana abre a porta, já
com o seu semblante sério.
- Posso falar com ela? – Pergunta
Kevin.
- Mais tarde. – Diz Ana, fechando a
porta na cara de Kevin.
- Depois eu que sou grosso. – Kevin
diz no outro lado da porta, para que Ana escutasse
01/10/2010 (Melissa Borba)
Ultimo click da tesoura. A sua
cliente olha fantasticamente para o espelho. Melissa sente o prazer de um
trabalho bem feito. A cliente deslumbra seus novos cabelos que antes eram
volumosos e sem cor, agora eles estão curtos, na moda e com tom vivo de ruivo,
os pequenos olhos da criança estavam radiantes e com um brilho único. Se tinha
algo realmente em que Melissa era boa, era em cortar o cabelo. Ela sábia exatamente
como ressaltar os olhos, e fazer que o cabelo fique numa moldura perfeita no
rosto, para ela, cortar cabelos era sua maior arte, algo que queria fazer até
tudo acabar.
- Obrigado, moça.! – Diz Gina, feliz.
- De nada. Se eu tivesse um cabelo
igual o seu, gostaria de ter o mesmo corte. – diz Melissa, tentando conquistar
a cliente.
- Mas seu cabelo é lindo! Cumprido e
loiro. – diz Gina, admirando o pelo espelho.
- Obrigada, meu bem. – Agradece
Melissa, que nessa época adotava um cabelo feminino e comprido.
- Pronto Gina, agora tu está linda
para a chegada da Amanda. – Diz Bruna, sentada num sofá perto delas.
- Ta bem, obrigado moça do cabelo
bonito. – Agradece Gina.
- De nada, meu bem.
Melissa troca de roupa para ir para
seu intervalo. Iria se encontrar com sua namorada. Ela veste seu vestido e suas
sapatilhas brancas. Arruma seus lindos cabelos sedosos e loiros. Seus olhos
azuis ficam mais brilhantes ao se chocar com o sol, dando um toque azul claro.
- E aí, gata? – diz Rafaela, ao
encontrar Melissa.
- Oi amor! – Diz Melissa, que logo em
seguida da um beijo em sua namorada.
Elas se beijam em frente a multidão
toda, ignorando tudo a sua volta, principalmente as ofensas da sociedade
ignorante que insiste em dizer que são pecadoras.
Rafaela é o oposto de Melissa que, é
toda metida à delicadinha. Rafaela usa cabelo igual de menino, com piercing no
nariz, tatuagens no braço e roupas um pouco largas. Até da para se dizer que é
um menino.
O casal se senta num parque ali
perto. O sol escaldante e a brisa das árvores era a melhor sensação que se
podia ter na opinião de Melissa, ela sempre gostou de coisas naturais.
- Quando tu vai contar para os teus
pais da gente? – Pergunta Rafaela, segurando a mão de sua namorada.
- Assim que eles voltarem de viagem.
Mas tu já sabe o que eles vão dizer.
- Não ligo! Só quero ficar contigo. –
diz Rafaela, tocando no rosto de Melissa.
- Tenho que te contar uma coisa. –
diz Melissa, tremendo.
Rafaela está seria, quando sua
namorada começava a tremer, sábia que não iria receber notícia boa. Então tomou
a calma no rosto, para transmitir confiança para Melissa, que é uma garota
muito delicada e emocional.
- Hoje o Matheus sai da prisão, estou
com medo que ele venha atrás de mim. – diz Melissa.
- Não te preocupa, ele não pode chegar
perto de ti, ainda mais depois do que ele fez! – Diz Rafaela, sendo cautelosa
por tocar em um assunto delicado.
Melissa começa a chorar, ela abraça
sua namorada.
- Faltava tão pouco para elas
nascerem! Porque ele fez isso? Eu quero minhas filhas. – diz Melissa.
Rafaela não diz nada, só tenta
acalmar sua namorada.
- Meu amor, vamos pensar positivo.
Ele não pode chegar perto de ti. Se chegar é prisão na hora, ordem do juiz. E
eu te prometo que vou te dar quantos filhos tu quiser! Nem que eu arrume uma barriga
de aluguel, teremos vários filhos. – diz Rafaela, olhando nós olhos de Melissa.
- Eu te amo. – diz Melissa.
- Eu te amo em dobro. – responde
Rafaela, sorrindo.
- Então prova! – Provoca Melissa,
querendo se distrair.
- Quer prova, então moça? Depois que
eu sair do trabalho eu te faço uma surpresa. - diz Rafaela.
- Eu te espero no parque, só quero
ver tu me impressionar! – diz Melissa, arrumando os cabelos.
- Tu não sabe do que sou capaz.
18/09/2011 (Tempos atuais. Kevin, James, Ana, Miguel e Melissa)
Estava anoitecendo, o céu estava cor
de rosa, mais um crepúsculo cobre os céus. Kevin está solitário na vigia. Ele
se sente mal pelo o que causou hoje. Só agora se deu conta o quanto foi idiota
por ter pressionado o Miguel por falar algo tão intimo ou sinistro. Pediria
desculpas para seu irmão depois e falaria com Melissa também.
O movimento na rua estava bem
assustador. É como uma multidão de pessoas num show. Porem elas estão sem
partes do corpo. Kevin não entendia como eles demoram mais para se decompor,
deve ser por causa do vírus, pensa ele.
Kevin sente o cheiro de cigarro. Ele
olha para trás e vê Melissa, que esta com um short curto e uma blusa mostrando
sua barriga e sua franja está presa com um tiktak.
- Quer um cigarro? – pergunta
Melissa.
- Meu bem, eu adoraria! – Kevin imita
Melissa, que ri forçadamente.
Ela se senta ao lado de Kevin.
- Olha Melissa, odeio fazer isso e
sei que erro na maioria das vezes. Mas desculpa, eu não devia ser tão grosso
contigo. – diz envergonhadamente.
- Eu também não devia ter feito
aquele escândalo, não estou nos meus melhores dias. – diz Melissa.
- Nostalgia é uma droga no meio disso
tudo – Diz Kevin, tragando seu cigarro.
Melissa sorri para Kevin. Ele olha em
seus olhos. Ele tira o cigarro da boca de Melissa e a beija, ela se surpreende
um pouco com a situação, mas corresponde o beijo. Eles se entrelaçam
rapidamente, Melissa começa a abrir o fecho da calça de Kevin. Ele a deixa
deitada e sobe em cima dela.
Kevin rasga a blusa de Melissa. Os
dois se envolvem no meio da morte.
- Gostei de suas desculpas. – diz
Melissa, vestindo seu short, após terminarem de se entrelaçar.
- Podemos nos desculpar mais vezes. –
Diz Kevin, sarcasticamente.
- Ou não. Não curto muito me
relacionar com irmãos. – diz Melissa.
Kevin não diz nada. Melissa esperava
uma cara de surpresa. Ela prende sua franja novamente e com pequena surpresa
ela diz:
- Então Jamesinho já tinha te
contado!
- Sim, é meu irmão. Obviamente ele
iria me contar... Ele não sabe mentir tão bem quanto eu. – diz Kevin.
- Essa não é a questão. Meu bem, boa
vigia para ti. Daqui a pouco o chamo o Miguel para vigiar.
- Não precisa me chamar. – diz Miguel
sorrindo com uma cara de “te peguei no flagra”
Kevin se levanta rápido e começa a
vestir suas roupas, ele está num vermelhão. Melissa sai de fininho como se não
tivesse visto Miguel. Ela deseja boa noite aos dois com a cara mais de santa
possível, e sai da cobertura quase voando.
- Uma hora a gente se acostuma com
esse jeito da Melissa. – diz Miguel.
- Como assim? – Pergunta Kevin.
- Esquece. Mas enfim... Está mais
calmo, moleque? – Pergunta Miguel.
- Sim. – Responde Kevin.
- Isso é cheiro de cigarro? –
Pergunta Miguel.
- Tu tem um faro pior do que o meu.
Com todo esse cheiro que eu e a Melissa deixamos e com o cheiro dessas coisas
lá em baixo, tu ainda sente o cheiro de cigarro. – Diz Kevin, batendo palmas.
- Vicio é vicio. Só vim mais cedo
vigiar porque quero dizer que tu não precisa ficar preocupado comigo. O que eu
fazia ou deixava de fazer é tudo passado. Só mato pessoas mortas... Essa frase
é estranha! – diz Miguel, olhando para a lua, que estava radiante.
- Também acho. Mas não tem como não
se preocupar, tu assumiu para mim que era um assassino, mesmo que seja para
ajudar a tua família, tu não deixa de ser um. – diz Kevin.
- Eu sei. Pensei nisso tudo o que tu
está falando ou pensa em falar. Mas se tu for mais esperto tu pensaria o porquê
da Melissa estar viva ainda. Porque não a matei ainda? – Diz Miguel.
Kevin novamente se sente mal por
desconfiar de Miguel.
- Tá bem! Tu me convenceu, a partir
de hoje dou um voto de confiança em ti, seu velho. – diz Kevin.
- Não sou velho, só sou vivido, nem
cabelo branco eu tenho. – Brinca Miguel.
- Mas vai ter antes de mim. – Diz
Kevin.
- Vamos fazer um trato? – diz Miguel
- Desde que não envolva zumbis... –
Responde Kevin.
- É uma aposta boba, mas é só para a
gente se distrair. – Diz Miguel.
- Fala logo. – Diz Kevin, impaciente.
- Se eu um dia virar um zumbi, quero
que me mate. – diz Miguel.
- Com todo o prazer, seu velho! – Diz
Kevin.
Os dois sobreviventes apertam as
mãos, de forma como se tivessem se aliando.
03/10/2010 (Kevin, James, Maira e Paolo)
Quatro horas da manha quando se
escuta tiros na rua. Todos acordam assustados. Paolo se levanta rapidamente e
espiona a rua. Dois policiais estão na rua e eles estão matando todas as
pessoas ou melhor: todos os infectados.
- Como eles podem fazer isso? –
Pergunta James, assustado.
- Com armas, seu idiota! – Kevin
responde, ironicamente.
- Mas são civis, são pessoas doentes.
Não podem fazer isso! – Diz Maira, com as mãos no rosto.
- Faz três dias que não vimos
resultado nenhum. E até agora as autoridades não mandaram nem o exercito para
aniquilar isso. As coisas devem estar bem piores do que imaginamos. – diz
Paolo.
Os dois policiais saem de vista.
Vários zumbis correm atrás deles. Eles escutam um grito. E depois só o que soa
no ar são os gemidos dos que vagam a rua. Maira começa a chorar de novo, James
abraça sua mãe.
- Se acalma mãe, vai ficar tudo bem.
– diz James.
- Não consigo me acalmar! Olha como
está tudo na rua. Se já faz três dias que estamos na pior, imagina daqui um
mês. – diz Maira.
- Maira, a gente tem que conversar.
Meninos, vão para o quarto do Kevin um minuto. – diz Paolo.
Kevin resmunga um pouco e vai
primeiro. James vai logo em seguida, cabisbaixo. Paolo se senta ao lado de
Maira. Ela olha para ele com os olhos inchados de tanto chorar, coisa que
sempre conquistou Paolo quando eram casados.
- O que eu vou dizer pode parecer um
absurdo para ti. Mas eu tenho essa obrigação de dizer. – Diz Paolo.
- Diga.
- Tu tem que manter o controle. É
difícil, eu sei. Mas tu não pode ficar tão desesperada assim! As coisas estão
feias lá fora, esses últimos dias nos escutamos muitas pessoas pedindo socorro,
chorando, morrendo, um monte de coisas que nunca imaginei sequer ver na minha
vida. Nem as autoridades tens controle disso tudo. Isso é pior que uma guerra
mundial. E tu tem que se mostrar forte, pelos meninos. Se não, a gente perde.
Não quero perder ninguém. E se tu se mostrar fraca tu já era! E tu quer deixar
eles sozinhos? São crianças e temos que lutar por eles. Então em vez de chorar
se mostre corajosa, é difícil mas não custa tentar. – Diz Paolo, enquanto
segura as mãos de sua ex mulher.
Maira olha fixamente para os olhos de
Paolo, ela percebe o erro que estava cometendo. Tem que se manter forte pelos
seus filhos, caso contrario, iria deixar suas crianças loucas, e as perderia,
iria fazer o melhor de si, para salvar a vida daqueles que amam, o seu prol de
vida, seus filhos.
- Paolo, obrigado. Vamos fazer isso
por eles. Vou viver por eles. – diz Maira.
- Assim que se fala. E temos que
aceitar uma coisa. – diz Paolo.
- O que? – Pergunta Maira.
- Nada mais vai ser como antes. – Diz
seriamente ele.
- Como imaginava. Uma boa parte das
pessoas ai fora viraram zumbis, como dizem na TV.
- Se prepare para o pior. – diz
Paolo.
- Temos que lutar por eles. – Diz
Maira por fim.
O sol estava nascendo. A rua parecia
calma. James liga a TV e está dando fora do ar. Paolo e Maira estavam tomando
café. James cuidadosamente espiona a rua. Ao olhar em volta do quintal da casa
de seu irmão, consegue ver uma zumbi perto do lixo. É a primeira vez que ele
fica perto de um desde o primeiro dia. A zumbi começa a andar e ele a
reconhece. Uma senhora que cuidou do James e do Kevin quando pequenos. Agora
ela virou uma dessas coisas. Ela se rastejava, sua perna esquerda estava
totalmente comida. James se assusta mas ao mesmo tempo fica triste.
“Ela não merece isso. Que Deus a
tenha Dona Mercedes.” Pensa James.
- Sai da janela, James. – diz Maira.
James sai rápido da janela, não iria
querer contrariar a sua mãe.
- Desculpa, mãe. – diz James.
- Tu está proibido de ir para a
janela sem eu ou o teu pai deixar! Estamos combinados? – diz Maira,
rispidamente.
- Tá bem, mãe. – Diz James.
- Muito bem. Chame seu irmão. Eu e o
Paolo queremos conversar com vocês. – Diz Maira.
James vai em direção ao quarto de
Kevin. Ele abre a porta se lembrando de ter deixado ela aberta. E quando olha
para dentro, percebe que seu irmão não está lá. Então James repara em duas
coisas:
1º)
A janela está aberta.
2º) Tem uma carta em cima da mesa de
cabeceira.
James não estava entendendo. Mas já
imaginava o que tinha acontecido. Ele pega a carta a lê.
“Vocês podem ficar brabos, mas eu tive que fugir. Vou ficar bem. Não me
procurem. Caso algo aconteça não se esqueçam que sempre amei vocês.
Principalmente você, James.
Kevin”
James não sabia o que fazer, ele
entra em pânico. O medo toma conta de seu corpo. Paolo chega no quarto, vê que
tem algo errado e lê a carta que está na mão do filho.
- Não acredito. – diz Paolo.
Paolo mostra para Maira a carta. Ela
pega celular e tenta ligar para filho. Ele não responde. Ela vai em direção a
porta e quando tenta abrir James a interrompe.
- Não, mãe. Isso é suicídio! – diz James,
com medo.
- Maira, ele tá certo. Vocês ficam
aqui e eu vou atrás dele. Estou com a guarda dele, é minha responsabilidade. –
diz Paolo.
- Eu o carreguei por nove meses.
Tenho que agüentar viver sem ele então eu vou atrás dele! – diz Maira,
chorando.
- Mãe, mas tu nem sabe aonde ele foi!
Eu também estou preocupado, mas não posso deixar tu ir.– diz James, chorando.
- Maira, eu vou. Eu o acho. – diz
Paolo.
- Parem os dois. Vocês nem ao menos
sabem aonde ele foi. Não posso deixar vocês irem lá fora. Se eles morderem um
de vocês não tem mais volta! – Diz James, quase implorando aos seus pais.
- Nem sabemos se é a mordida – Diz
Paolo.
- Não se finja, tu sabe que é. Todos
sabemos. E custe o que custar, nenhum dos dois vão sair de casa! – James diz
que está em frente à porta de braços abertos, impedindo que seus pais saíssem
de casa.
Maira se abaixa até poder olhar
dentro dos olhos do filho, então dizendo:
- Meu filho, eu estou de coração
partido. Mas quando tu for pai, tu vai entender. Uma mãe ou pai faz de tudo
pelo seu filho. Se caso fosse tu que tivesse fugido ou até se perdido, tenha
certeza de que eu e o Paolo iríamos atrás de ti.
- Maira, tu fica e eu vou! – diz
Paolo, quase puxando James da porta.
- A diferença Paolo é que eu sei a
onde ele está e tu não. E alguém tem que cuidar do James. – diz Maira.
- Se for assim, eu quero ir junto
então. Vou achar meu irmão e se for para eu perder algum de vocês que eu caia
junto! – Diz James.
- Não é a melhor hora para se dizer
isso, meu filho. – diz Paolo.
- Sou a pior mãe do mundo, mas de
certa forma ele está certo. Temos que ir juntos. – Diz Maira, se sentindo
irresponsável pela decisão.
- Afinal, a onde ele está mamãe? –
Pergunta James.
- A onde mais? Ele foi procurar a
Luana. – Diz Maira.
03/10/2010 (Kevin Gaspar)
Kevin estava no seu quarto sozinho.
Ele disca novamente o telefone de Luana. Ela não atende. Sabia exatamente como
fazer. O seu irmão não estava por perto. Ele pega um papel e uma caneta e
escreve um bilhete. Pega sua mochila que já estava preparada com bolacha e
água. Por ultimo pega seu bastão de beisebol. Olha pela janela. Dois zumbis.
Não sabe exatamente o que fazer. Roubaria a moto dos Cardozo, mas antes
tentaria pelo menos atordoar os zumbis. Na televisão as pessoas estavam
matando. Tentaria não fazer isso. Mesmo sabendo que estava no inferno.
Ele pula a janela e os zumbis escutam
o barulho do seu impacto contra o chão, logo em seguida disparam ao seu
encontro. Foi a primeira vez que Kevin teve tempo de reparar nesses monstros:
Alem de estarem cheio de mordidas, seus olhos estão com as pupilas extremamente
dilatadas, da sua boca sai sangue... É como se tivessem raiva, mas ao mesmo
tempo clamassem por viver. Kevin tira o bastão da mochila e acerta a cabeça do
primeiro, a força usada foi tão grande que quebrou a mandíbula da criatura,
mesmo assim ele se levanta e tenta o atacar de novo. Nesse mesmo tempo o outro
zumbi o alcança. Kevin está com medo, mas não podia desistir tão fácil. Ele
termina de destruir a cabeça do primeiro zumbi e empurra o segundo para o chão,
subindo em cima do monstro e bate tantas vezes o bastão em seu rosto que quando
termina percebe que o que restou era uma massa disforme.
Kevin não conseguia acreditar no que
tinha acabado de fazer, tinha matado! Ele olha para as suas mãos, que estavam
ensangüentadas, sem pensar duas vezes, ele as limpa em suas calças, não queria
manter essas imagens na cabeça, não pretendia chegar ao nível de loucura, tinha
que manter a cabeça livre.
A rua estava limpa. Ele vai até a
garagem de seus vizinhos que estava aberta. A moto está lá, mas a chave não.
Ele abre a porta que da em direção a sala. Por sorte está aberta. A casa está
vazia há não ser pelo corpo morto da Sra. Cardozo, que estava irreconhecível e
com a cara mutilada por tiros. Kevin andou muito nessa casa, sabia aonde
guardavam as chaves. Muitas vezes dormiu nessa casa com seu único amigo, que
não se tinha sinal de vida. Ele pega as chaves e volta para a moto. Ele a liga
e sai em direção a sua amada Luana.
Uma coisa Kevin sabia: Custe o que custar
ele salvaria Luana. Nem que tenha que matar todos os zumbis do mundo.
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Recomendo para vocês
foda, manin *-*
ResponderExcluirMuito Show!
ResponderExcluirSe eu fosse o Kevin, a Luana que se cuidasse sozinha *--*
Muito bom, me coloquei no lugar do Kevin.
ResponderExcluirFaria tudo para salvar minha namorada, enfrentaria meio mundo!
Mandou benzasso nesse cap. ;)